Psilocibina e Psilocina : Como os cogumelos mágicos atuam em nosso organismo ?
Nem todos os cogumelos existentes possuem ação psicoativa em nosso sistema nervoso, entretanto, já foram contabilizadas (até os dias atuais) cerca de 200 espécies de fungos que contém psilocibina (C12H17N2O4P) e psilocina (4-HO-DMT), que são dois compostos químicos naturais que proporcionam os poderosos efeitos enteógenos.
Essa dupla de componentes químicos psicoativos encontrados em Psilocybe cubensis se tratam de um complexo de triptaminas, e farmacologicamente, são similares à dietilamida do ácido lisérgico (LSD) e a outros alcaloides naturais como a dimetil triptamina (DMT) e a mescalina. Isso ajuda a explicar porque que muitos destes compostos possuem efeitos fisiológicos, psicológicos e espirituais parecidos, alterando os sons, as cores, a visão, o senso de seu Eu e causando a dilatação do tempo e do espaço.
O que acontece quando a psilocibina entra em contato com o organismo humano ?
Quando nós ingerimos algum material orgânico que contém psilocibina, o corpo rapidamente metaboliza a psilocibina removendo seu grupo fosfato e assim a convertendo em psilocina, que é então capaz de se ligar com nossos receptores de serotonina e atuar como um agonista parcial dos receptores de serotonina. (um “agonista” é uma substância que inicia uma resposta fisiológica quando ligada a um receptor). A psilocibina então nada mais é do que um composto inativo primário que é metabolizado em um composto farmacologicamente ativo, a psilocina. Resumindo a ópera, é a PSILOCINA o composto que causa os efeitos primários de uma jornada com cogumelos mágicos, e a psilocibina está ali para ser convertida em psilocina.
A serotonina é estruturalmente similar a psilocina, como é possível observar acima, e é o composto fonte de toda a sensação de alegria e bem-estar, seja essa alegria proveniente ou não do uso de componentes químicos.
Como um neurotransmissor, a serotonina também ajuda a transmitir mensagens de uma parte do cérebro para outra. Recentes pesquisas científicas observaram que a sobrecarga sensorial que acontece durante uma jornada é decorrente do fato da psilocibina deixar o cérebro hiperconectado, e assim permitindo uma maior e melhor comunicação entre partes do cérebro que normalmente não se “falam” tanto. Dessa forma, acontece uma reorganização entre as conexões cerebrais, e também, o fortalecimento de conexões fracas. Ao passar o efeito, as conexões voltam ao normal e nós voltamos a nos sentir meio “banzo”, porém, mas muito mais estáveis.
Nosso cérebro evoluiu ao longo dos séculos para que nosso hipotálamo esteja constantemente a filtrar qualquer estímulo que não nos seja útil durante nosso dia a dia em modo padrão (ou modo sobrevivência), permitindo-nos focar no que realmente é “importante” para um ser humano. Como resultado disso, nosso cérebro economiza energia ao não ficar perdendo tempo com coisas triviais, como, por exemplo, quantos carros foram vistos na rua hoje, ou o porque que a luz bate nas árvores de maneira tão linda. Este também é um ponto de ação dos compostos dos cogumelos mágicos, pois foi observado em estudos que a atividade do hipotálamo é reduzida em uma pessoa sob efeito da psilocina e persistente nesse mesmo indivíduo em até algumas semanas após a data da dosagem ter sido consumida.
REFERÊNCIAS:
Petri, G., Expert, P., Turkheimer, F., Carhart-Harris, R., Nutt, D., Hellyer, P. J., & Vaccarino, F. (2014). Homological scaffolds of brain functional networks. Journal of The Royal Society Interface, 11(101), 20140873.
The Psilocybin Mushroom Bible.
https://greenpower.net.br/blog/psilocibina-psilocina-organismo-humano/